Bucomaxilofacial

Sobre as próteses

As próteses utilizadas para os pacientes de câncer de boca e garganta são imprescindíveis na sobrevida e autonomia dos pacientes. As próteses de boca utilizadas nas ressecções parciais ou totais de lábios, língua, assoalho da boca, de região retromolar, maxila, palato e/ou mandíbula, auxiliam não só na qualidade da fala do paciente, mas também na sua possibilidade de manter alimentação segura por via oral, já que na perda parcial ou total de alguma estrutura, as próteses substituem os espaços abertos, evitando comunicação entre diferentes cavidades, como acontece com os pacientes portadores de câncer de palato. Nos pacientes com câncer de laringe – que precisam remover parcial e/ou totalmente essa estrutura – a utilização de próteses fonatórias é fundamental, já que estes pacientes perdem a capacidade de falar com voz laríngea provocando sequelas marcantes nas suas vidas do ponto de vista funcional, estético e social, pois ficam limitados na sua convivência social e profissional.

Laringe

Para reabilitar a comunicação oral do paciente laringectomizado total pode-se utilizar laringe eletrônica, que produzem uma voz com qualidade robotizada através da vibração das estruturas orofaríngeas e de sobre articulação labial.

Há também as próteses traqueo-esofágicas desenvolvidas para fazer a comunicação entre traquéia e esôfago, permitindo a passagem de ar pelas estruturas remanescentes produzindo uma voz com qualidade mais próxima aquela emitida por uma laringe normal. As próteses tráqueo-esofágicas são importadas assim como os acessórios (adesivos e filtros) para utilizá-la de forma mais eficiente. A utilização do filtro no traqueostoma auxilia o paciente a manter sua capacidade pulmonar, pois aquece e umidece o ar inalado, diminuindo significativamente a quantidade de secreção expectorada pelo paciente.

Boca

A confecção e instalação das próteses intra orais é realizada pelo cirurgião dentista, especialista em prótese bucomaxilofacial e pode ser realizada imediatamente após a maxilectomia, no caso de próteses obturadoras, o que diminui significativamente as alterações relacionadas a fala, deglutição e nutrição. Além de proteger a ferida cirúrgica visando a melhor adaptação da prótese permanente, que será realizada posteriormente.

Estas próteses auxiliam na reestruturação da anatomia orofaríngea, melhorando a função e estética e consequentemente a qualidade de vida dos pacientes.

Prótese Bucomaxilofacial

A Prótese Bucomaxilofacial (PBMF) é a alternativa mais viável. A especialidade Buco-Maxilo-Facial tem por objetivo restaurar e manter a saúde e o conforto dos pacientes com tumores de cabeça e pescoço, corrigindo defeitos faciais, distúrbios de aparência, restaurando e corrigindo as funções da fala, da deglutição e da mastigação.

As técnicas cirúrgicas e as formas complementares de tratamento, resultam muitas vezes em grandes sequelas anátomo-funcionais. As alterações funcionais, como alimentação e comunicação oral, assim como o comprometimento estético afeta psicológica e socialmente resultando em diminuição significativa da qualidade de vida dos pacientes que tendem ao isolamento, comprometendo suas atividades profissionais e o seu convívio social.

A importância da reabilitação protética na qualidade de vida dos pacientes com comunicação buco sinusal é comprovada ao se constatar que pacientes reabilitados proteticamente, de maneira correta, apresentam qualidade de vida semelhante à de pessoas que não apresentam sequelas bucais decorrentes do câncer. Ou seja, um paciente reabilitado com competência tem sua qualidade de vida restaurada.

As Próteses Imediatas para Grandes Perdas do Maxilar (PIGPM) são da maior relevância. O uso de uma PIGPM reduz a retração cicatricial diminuindo a deformidade facial, facilitando a confecção da prótese permanente. Pacientes submetidos à ressecção do maxilar sem a reabilitação com prótese obturadora, apresentam déficit na mastigação, na deglutição e apresentam também fonação anasalada, além de refluxo alimentar pela cavidade nasal. Este déficit, resultado de uma maxilectomia, é evitado ou reduzido pela reabilitação com PIGPM. Realizada imediatamente após a maxilectomia, seguida de uma prótese reparadora, findo o período de cicatrização de aproximadamente quatro a oito semanas.

Próteses intra orais

As próteses intra orais são dispositivos indicados para pacientes que perderam parte das estruturas da cavidade oral em função de cirurgias oncológicas, patologias e sequelas traumáticas ou congênitas. Tem como objetivo restabelecer a mastigação, fonação e deglutição.

Prótese mandibular

Tem como objetivo restaurar a parte perdida da mandíbula e melhorar a mastigação, deglutição e fala. Também visam melhorar a oclusão e estética.

Prótese maxilar

Prótese obturadora que tem como objetivo fechar comunicações do palato mole e duro. São extremamente importantes para a deglutição de alimentos e para a fala dos pacientes.

Prótese imediata obturadora para o maxilar

Prótese Imediata para Grandes Perdas do Maxilar (PIGPM) são da maior relevância. O uso de uma PIGPM reduz a retração cicatricial diminuindo a deformidade facial, facilitando a confecção da prótese permanente. Pacientes submetidos à ressecção do maxilar sem a reabilitação com prótese obturadora, apresentam déficit na mastigação, na deglutição e apresentam também fonação anasalada, além de refluxo alimentar pela cavidade nasal. Este déficit, resultado de uma maxilectomia, é evitado ou reduzido pela reabilitação com PIGPM. Realizada imediatamente após a maxilectomia, seguida de uma prótese reparadora, findo o período de cicatrização de aproximadamente quatro a oito semanas.

A prótese é confeccionada antes ou durante a cirurgia e instalada logo após a remoção do tumor com o objetivo de evitar o uso de sondas para alimentação e permitir a recuperação imediata da fala. Também protege a ferida cirúrgica visando a melhor adaptação da prótese permanente, que será realizada posteriormente.

Prótese rebaixadora de palato

Prótese desenvolvida para pacientes com alteração de mobilidade e/ou perda de estrutura lingual cuja causa mais comum é o câncer. Tem como principal característica a alteração do formato do palato. Como o seu próprio nome sugere, abaixa o palato facilitando o seu alcance pela língua durante a deglutição e a fala.

Reabilitação

Reabilitação no contexto do câncer de cabeça e pescoço

Um paciente acometido com câncer de cabeça pescoço necessitará, eventualmente, de apoio para reabilitação fonatória e de sua deglutição. Trata-se de uma adaptação a sua nova condição de vida por meio do acesso ao atendimento fonoaudiológico especializado. Existe uma necessidade urgente de acesso a próteses orais e/ou fonatórias, bem como as sondas de alimentação em determinados casos. A reabilitação dos pacientes é fundamental para a ressocialização, para retomarem suas atividades profissionais e não se sentirem excluídos da sociedade.

A ACBG Brasil não trabalha diretamente com a reabilitação de pacientes, do ponto de vista clínico. O que fazemos é dar suporte por meio dos nossos projetos no eixo de inclusão social e advocacy. Um outro exemplo de iniciativa que temos voltada para a reabilitação de pacientes consiste em uma captação de recursos por meio de incentivo fiscal (PRONON) para a compra e distribuição de 400 laringes eletrônicas a pacientes participantes da Rede+Voz, o que culminou na criação do projeto “Laringe eletrônica: uma voz possível”.

Por fim, por meio do nosso eixo de informação, realizamos eventos técnicos-científicos multiprofissionais para ampliar a divulgação e informação aos profissionais da saúde e sociedade sobre as possibilidades de reabilitação de cada caso. A campanha #julhoverde também é um canal para falar sobre a reabilitação com a sociedade.

Conteúdo escrito por:

Cleumara Kosmann
Cirurgiã-Dentista, Especializada em Prótese Bucomaxilofacial, Mestre e Doutora em Engenharia de Produção (UFSC), Pesquisadora do Núcleo de Eng. Biomecânica e Biomateriais (UFSC), Membro da Sociedad Latinoamericana de Rehabilitación Bucomaxilofacial (SLRB), Membro da Multinational Association of Supportive Cancer Care (MASCC)

Rogério O. Gondak
Docente e pesquisador do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou os cursos de Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia da Universidade Estadual Campinas (UNICAMP). É especialista em Implantodontia e em Patologia Oral. Realizou o Programa de Educação Continuada pela New York University (NYU). Atualmente, tem contribuído na formação de recursos humanos como professor permanente do Curso de Pós-graduação em Odontologia (PPGO) da UFSC, na área de concentração em Diagnóstico Bucal. Seus interesses científicos se concentram nas linhas de pesquisa de Bioestatística, Histopatologia, Oncologia, Imunopatologia, Patologia Clínica e Experimental.

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