Linha geral de tratamento
Para os carcinomas bem diferenciados de tireoide, o tratamento principal é a cirurgia de retirada da glândula tireoide (tireoidectomia), associado ou não a tratamentos complementares como iodoterapia e supressão hormonal. A radioterapia ou quimioterapia e drogas alvo, são raramente indicadas, particularmente em tumores disseminados, muito avançados e que já não são mais candidatos aos tratamentos anteriores.
Existe uma tendência atual de ser menos agressivo em câncer de tireoide com características favoráveis, podendo-se indicar cirurgias parciais da tireoide ou a não indicação de iodoterapia.
Já o carcinoma medular de tireoide, bem mais raro, apresenta diferenças no tratamento dos carcinomas bem diferenciados. O tratamento cirúrgico também é o componente principal, porém não se utiliza-se o tratamento com iodo radioativo neste tipo de câncer. O carcinoma medular pode apresentar uma relação hereditária em até 25% e deve ser submetido a exames genéticos para saber se devemos investigar a família destes pacientes.
Cirurgia
A cirurgia de retirada parcial ou total da glândula tireoide é fundamental para o controle local do câncer de tireoide no pescoço. Além da retirada da glândula, pode ser necessário a remoção dos linfonodos do pescoço em um procedimento chamado esvaziamento cervical. Nos carcinomas bem diferenciados, costuma-se indicar o esvaziamento cervical quando há evidências de metástases de linfonodos no pescoço
Atualmente, o câncer de tireoide com características favoráveis pode ser tratado com tireoidectomia parcial, principalmente quando não se prevê a necessidade de realizar o tratamento complementar (adjuvante) com iodo radioativo.
A cirurgia de tireoidectomia é muito segura e com baixas taxas de complicações. Os principais riscos desta cirurgia são alterações temporárias na voz e distúrbios do metabolismo do cálcio, devido a disfunções temporárias nas paratireoides (pequenas glândulas que ficam próximas à tireóide).
Iodo radiativo
Após a cirurgia de tireoidectomia total, pode ser necessário associar o tratamento com iodo radioativo. Este tratamento tem o objetivo de eliminar restos da glândula tireoide e possíveis células tumorais remanescentes tanto no local onde estava a glândula tireoide, como nos linfonodos do pescoço ou algum foco de tumor de tireoide em outro local do corpo.
A grande vantagem deste tratamento é que ele tem grande atuação nas células de tireoide e de câncer de tireoide, mas pouquíssimo efeito em outros tipos de células do corpo, diferentemente da quimioterapia ou radioterapia.
Esta modalidade de tratamento tem como condições o paciente ter sido submetido a tireoidectomia total, fazer uma dieta restritiva de iodo e desenvolver hipotireoidismo com suspensão da reposição do hormônio tireoidiano (levotiroxina) ou com o uso de TSH recombinante. Doses mais elevadas de iodo radioativo necessitam de internação hospitalar em quartos especiais com isolamento devido a radioatividade emitida temporariamente pelo paciente.
Supressão hormonal
Todo paciente que é submetido a tireoidectomia total por câncer de tireoide precisa repor o hormônio tireoidiano (levotiroxina) por toda a vida. Isto é feito com um comprimido que se toma diariamente. Este medicamento, na dose correta, evita que haja elevação de um outro hormônio produzido na glândula hipófise denominado TSH (hormônio estimulante da tireoide) que tanto estimula o funcionamento da tireoide como estimula o crescimento do câncer de tireoide. Portanto, para alguns pacientes, administra-se uma dose um pouco maior que o necessário de levotiroxina para manter os níveis de TSH bem baixos e desta forma, não estimular o crescimento de câncer de tireoide.
A intensidade desta supressão hormonal e o tempo em que ela será utilizada são variáveis e devem ser avaliadas pelo médico que conduz o seguimento oncológico.
Radioterapia
Raramente este tratamento é indicado em câncer de tireoide, sendo reservado principalmente para casos inoperáveis ou irressecáveis de tumores avançados ou recidivados.
Quimioterapia, imunoterapia e drogas alvo
A quimioterapia convencional é raramente necessária e normalmente utilizada em câncer de tireoide como um tratamento paliativo e com resultados pouco efetivos.
Algumas drogas alvo têm sido utilizadas para pacientes em que não é mais possível operar ou realizar tratamento com iodo radioativo, para evitar progressão da doença e amenizar sintomas.
Diversas drogas alvo novas estão sendo testadas todos os anos e podem surgir drogas mais efetivas em um futuro próximo.
Somente a quimioterapia convencional é coberta pelo SUS, mas algumas terapias alvo são cobertas pelos planos de saúde.
Se você tem esta doença ou está com receio que possa ter, quem deve procurar?
Os nódulos da tireoide são habitualmente avaliados pelo médico endocrinologista e pelo cirurgião de cabeça e pescoço, eles farão toda a investigação para avaliar se o paciente deve ser submetido a cirurgia.
A tireoidectomia e um possível esvaziamento cervical é uma cirurgia realizada pelo cirurgião de cabeça e pescoço e a terapia com iodo radioativo é feita pelo médico especialista em Medicina Nuclear.