Câncer de Lábio

Os lábios são definidos como as bordas de mucosa que ocluem a cavidade oral. São divididos em lábio superior e inferior e como estão expostos ao sol, se comportam mais como um câncer de pele do que um câncer de boca, porém também podendo, menos frequentemente, causar metástases no pescoço.

O lábio tem a função de ocluir a cavidade oral e conter os alimentos dentro da boca durante a mastigação e deglutição.

No caso dos lábios, são mais frequentes os tumores malignos que benignos. Estes tumores tem o comportamento semelhante aos tumores de pele e portanto os tipos mais comuns são o carcinoma de células escamosas e o carcinoma basocelular com suas variantes, além do carcinoma originado nas glândulas salivares menores dos lábios. Devido a exposição solar, é muito mais frequente câncer no lábio inferior do que superior.

Quais são os sinais e sintomas?

O câncer de lábio se manifesta como uma ferida que não cicatriza na mucosa dos lábios.

É bastante frequente, antes de um câncer se desenvolver, que o lábio tenha alterações em sua mucosa como feridas ou regiões de mucosa mais endurecidas que são chamadas quielite actínica

Os tumores mais avançados podem levar ao aparecimento de nódulos no pescoço que são as metástases cervicais para os linfonodos.

Como é feito o diagnóstico e a investigação (quais os exames mais pedidos)?

Anátomo patológico (biópsia)

Somente é possível dar o diagnóstico de um câncer desta região após uma biópsia da lesão suspeita. Esta biópsia pode ser feita em consultório ou em centro cirúrgico. A biópsia irá diferenciar uma lesão pré neoplásica de um câncer e orientará o tratamento.

Exames de imagem para estadiamento

É  comum ser solicitado exames de ultrassonografia cervical, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) de pescoço para avaliar tanto a invasão do tumor no lábio como também a presença de linfonodos suspeitos de metástases no pescoço. Em tumores muito avançados, a TC de face e pescoço avalia uma possível invasão óssea da mandíbula 

Em casos onde há metástases no pescoço, é recomendado avaliar a presença de metástases pulmonares por tomografia de tórax.

O exame de Pet-scan pode ser solicitado em situaçoes de suspeita de metástases a distância.

Qual o tratamento?

Linha geral de tratamento

O câncer de lábio normalmente é tratado com cirurgia e/ou radioterapia. 

Em câncer inicial de lábio, prefere-se utilizar apenas uma modalidade de tratamento: cirurgia ou radioterapia. 

Tumores avançados envolvem habitualmente combinação de cirurgia, radioterapia associados ou não a quimioterapia

Cirurgia

O objetivo da cirurgia é retirar completamente o tumor, ou seja, com margens livres de ressecção. Alguns cirurgiões preferem realizar o exame das margens durante o ato cirúrgico, de forma a orientar se precisam ampliar as margens. Isto é chamado de biópsia de congelação. 

Em tumores pequenos, a ressecção pode ser feita com anestesia local e a recuperação é rápida. Em câncer inicial não se costuma realizar o esvaziamento cervical de princípio. Apenas nas situações onde se encontram metástases cervicais.

Já em câncer avançado, a cirurgia tem o objetivo tanto de ressecar totalmente, como de restabelecer principalmente a função do lábio e, se possível, a estética da face. Nestes casos, pode ser necessária a participação de um cirurgião plástico para reconstrução. 

Quando existem metástases nos linfonodos do pescoço, ou suspeita delas, realiza-se a cirurgia chamada de esvaziamento cervical. 

Radioterapia

Opta-se por radioterapia para os pacientes que não desejam as possíveis alterações estéticas da cirurgia, para pacientes que são mais idosos ou que apresentem doenças que dificultam o tratamento cirúrgico. A radioterapia é uma modalidade que é utilizada normalmente uma vez, no mesmo local do corpo. 

A radioterapia também é utilizada em tumores avançados como uma complementação ao tratamento cirúrgico (adjuvante). Pode ser realizada em conjunto com a quimioterapia (concomitante) em tumores não operados ou de forma paliativa.

Quimioterapia, imunoterapia e drogas alvo

A quimioterapia é utilizada sempre como um complemento ao tratamento principal curativo e não isoladamente. 

Drogas alvo e imunoterapia costumam ser utilizadas quando não é possível utilizar quimioterapia convencional, somente superando os resultados oncológicos em situações de tumores específicos. Muitos estudos estão ocorrendo atualmente para avaliar melhores associações destas drogas com os tratamentos convencionais já disponíveis e mudanças podem acontecer nos padrões de tratamento nos próximos anos .   

 

A quimioterapia convencional costuma ser indicada em câncer de lábio nas seguintes principais situações:

  • em câncer avançado que não é possível ou desejável ser operado
  • em câncer submetido a cirurgia com ressecção com margens comprometidas
  • em metástases para os linfonodos do pescoço que invadem as regiões adjacentes
  • em pacientes com metástases a distância

Se você tem esta doença ou está com receio que possa ter, quem deve procurar?

O câncer de lábio costuma ser tratado pelos dermatologistas, cirurgiões plásticos, cirurgiões oncológicos e cirurgiões de cabeça e pescoço.

Em tumores malignos avançados, que necessitem de reconstrução, recomenda-se um hospital com estrutura para cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Renato Capuzzo
Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Cirurgia Oncológica de Seios Paranasais, Cirurgia Oncológica de Base de Crânio, Cirurgia Oncológica de Laringe, Hospital de Câncer de Barretos. renatocapuzzo@gmail.com

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