Linha geral de tratamento
Os tumores malignos iniciais da laringe glótica devem ser tratados apenas com uma modalidade terapêutica: cirurgia ou radioterapia. Atualmente há a tendencia cirúrgica de se realizar cirurgias endoscópicas da laringe (acessada pela boca, sem fazer incisão no pescoço) com o uso de laser de CO2 ou diodo. Cirurgia parcial aberta da laringe é menos realizada atualmente mas pode ser indicada na ausência destes recursos de cirurgia endoscópica ou em situações específicas.
Os tumores iniciais de hipofaringe são raramente diagnosticados pois são pouco sintomáticos. Entretanto, podem ser tratados com cirurgia endoscópica ou aberta, a depender de seu tamanho e localização. Quando não é possível ressecar o tumor sem sacrificar a laringe, costuma-se indicar protocolos de preservação de órgãos com radioterapia e quimioterapia.
Já o câncer avançado da laringe/hipofaringe vem apresentando mudanças nas tendências de tratamento nas últimas décadas, mas sempre conta com uma combinação de modalidades entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Os protocolos de preservação de órgãos são a combinação de radioterapia e quimioterapia com o intuito de evitar a cirurgia de retirada da laringe (laringectomia total)
Tumores malignos muito avançados de laringe/hipofaringe (invasão das cartilagens da laringe) ou na laringe que já não apresenta mais função por destruição do tumor, são preferencialmente e inicialmente tratados com cirurgia, associado a radioterapia e por vezes quimioterapia.
Já tumores não tão avançados, mas ainda com uma laringe funcionante, podem ser tratados com quimioterapia e radioterapia (de forma sequencial ou concomitante) ou serem submetidos a cirurgia, seguido de radioterapia.
A decisão de qual tipo de tratamento que será indicado leva em conta o desejo do paciente, recursos disponíveis e experiência prévia do serviço em determinada forma de tratamento.
Cirurgia
A cirurgia da laringe pode removê-la parcialmente ou totalmente. As cirurgias parciais podem ser abertas (com incisão no pescoço) ou endoscópicas (acessadas pela boca).
Em tumores iniciais, a ressecção endoscópica parcial da laringe normalmente apresenta bons resultados oncológicos e funcionais e são melhores toleradas que as cirurgias abertas. Entretanto, a cirurgia parcial aberta da laringe às vezes se faz necessário, apresentando bons resultados de cura, porém com pós operatório mais difícil, necessitando de traqueostomia e sonda de alimentação temporariamente.
No câncer avançado de laringe e hipofaringe, a regra é a necessidade de remoção total da laringe (laringectomia total), sendo possível cirurgias parciais abertas em raras situações.
Logo após a cirurgia de laringectomia total é necessário não se alimentar pela boca e sim por uma sonda de alimentação enquanto há a cicatrização do fechamento da faringe. Quando ocorre a abertura da sutura da faringe (fístula) é necessário ficar sem se alimentar pela boca até a resolução deste problema.
Em situações de laringectomia total, não é possível respirar mais pelo nariz e pela boca, mas sim por uma traqueostomia (abertura da traqueia para a pele do pescoço), mas é possível se alimentar pela boca e conseguir emitir voz por algumas formas alternativas.
Atualmente, grande parte das cirurgias de laringectomia total são realizadas em situações de falha do tratamento com radioterapia e quimioterapia. Nesta situação, denominada cirurgia de resgate, a taxa de complicações é maior devido a dificuldade de cicatrização dos tecidos que receberam radioterapia.
Radioterapia
A radioterapia em tumores iniciais da laringe glótica pode ser utilizada como tratamento definitivo com bons resultados oncológicos e funcionais. Neste caso será irradiado apenas o estojo laríngeo.
Já em câncer supraglótico ou hipofaringe inicial, é necessário irradiar tanto a laringe como a drenagem para os linfonodos do pescoço
Nos tumores avançados de laringe/hipofaringe, o tratamento com radioterapia sempre deve ser acompanhado de quimioterapia. A sequência de tratamento pode ser a radioterapia em conjunto (concomitante) com quimioterapia, ou precedida pela quimioterapia (neoadjuvante). A radioterapia, nesta situação, incluirá a drenagem linfática do pescoço.
O tratamento com radioterapia da laringe/hipofaringe ocorre apenas uma única vez, devendo ser bem planejado em qual momento devemos utilizar esta importante modalidade terapêutica.
Quimioterapia, imunoterapia e drogas alvo
A quimioterapia é utilizada sempre como um complemento ao tratamento principal curativo e não isoladamente.
Drogas alvo e imunoterapia costumam ser utilizadas quando não é possível utilizar quimioterapia convencional, somente superando os resultados oncológicos em situações de tumores específicos. Muitos estudos estão ocorrendo atualmente para avaliar melhores associações destas drogas com os tratamentos convencionais já disponíveis e mudanças podem acontecer nos padrões de tratamento nos próximos anos .
A quimioterapia em câncer de laringe/hipofaringe pode ser utilizada das seguintes formas: