Câncer de boca na ótica de um sobrevivente

Boca, Diário do Paciente

Câncer de boca na ótica de um sobrevivente

Nosso colega Adriano Nuernberg, colaborador assíduo do blog da ACBG Brasil, foi entrevistado recentemente sobre o câncer de boca e compartilhou suas respostas com a gente. Esperamos que te ajude e inspire!
Nome: Adriano Henrique Nuernberg
Idade: 43 anos
Cidade: nasci em Criciúma/SC e moro em Florianópolis/SC
Como descobriu o câncer de boca?
Eu tive duas vezes câncer de língua, o primeiro em 2007 e outro agora em 2016. No primeiro, reparei um aumento intenso do volume da minha língua. Era o tumor se expandindo. No segundo, após 9 anos, comecei observando alterações no tecido da língua e sentindo uma retração muito grande desse músculo. Em ambos os casos, a fala e a deglutição se alteraram. Então, trata-se de um tipo de câncer que você tem mais chances de perceber os primeiros sinais e, assim, procurar mais rapidamente o diagnóstico e tratamento médico.
Como foi o tratamento?
O tratamento depende do estágio do câncer e do tipo específico de neoplasia. No meu caso, nas duas vezes, comecei com cirurgia para retirada do tumor e depois fiz radioterapia associada a quimioterapia. É um tratamento duro, pois os efeitos secundários do tratamento prejudicam a fala e alimentação oral, exigindo um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo no mínimo uma equipe formada por médico oncologista, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo e dentista.
Como está atualmente? 
Agora estou na fase de reabilitação que, em geral, inicia-se após alguns meses do término da radioterapia e quimioterapia. Estou administrando os efeitos secundários do tratamento como a anemia e a disfagia, bem como buscando recuperar posturas e movimentos da boca e pescoço que foram prejudicados. Aos poucos estou mais autônomo nas atividades da vida diária e saindo do isolamento social que decorre desse processo.
Você acha que teve a doença por causa de algum hábito seu?
Os principais fatores de risco do câncer de boca são o tabagismo e o alcoolismo. No momento do diagnóstico os médicos sempre perguntavam se fumava ou bebia. Como nunca fumei e também nunca exagerei no consumo de bebidas alcóolicas, sugeriam novos exames para investigar outros fatores. No entanto, no meu caso, não foi possível identificar um fator de risco preponderante ou alguma causa. Sabemos, contudo, que há sempre uma associação de condições genéticas e ambientais que aumentam a probabilidade de desenvolver um câncer.
O que você diria para as pessoas para incentivá-las a se cuidar mais e evitar esse tipo de doença?
Em primeiro lugar, evitar os hábitos que se constituem em fatores de risco como o tabagismo. No mais, ficar muito atento a qualquer alteração nos lábios, mucosa, palato, língua, dentes, gengiva, enfim, em toda a boca. Se observar alguma alteração, sugiro procurar um cirurgião de cabeça e pescoço para investigar e diagnosticar o problema. Quanto mais cedo for diagnosticado o câncer, melhor serão as chances de recuperação plena e breve.
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